Presidente da FCT

 entrevista presidente fct 15 03 2017

A Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) é a maior Unidade Orgânica (UO) da Uni-CV e como tal o Presidente da FCT acredita que com o envolvimento de todos será possível beneficiar a UO e afirma: “Nós temos potencial.”

 

Uni-CV: No início da nova administração, estava como vogal da FCT, como estava a faculdade nessa altura?

Professor Jorge Tavares: Na verdade antes de passar a fazer parte do Conselho Diretivo do Departamento de Ciências e Tecnologia, hoje Faculdade Ciências e Tecnologia, fui Coordenador Geral dos CESP, Coordenador dos CESP do DCT e dos cursos de Engenharia Eletrotécnica e Ensino de Física. Na altura, conseguimos alguns ganhos, principalmente no que diz respeito a montagem e equipamento de laboratórios no âmbito dos projetos CESP. Naturalmente, tínhamos alguns constrangimentos, sobretudo no que diz respeito à comunicação interna. Penso que esse aspeto foi melhorando ao longo dos últimos anos. Um outro constrangimento que se podia notar na altura era, a meu ver, alguma dificuldade das pessoas em se expressarem, com a liberdade desejada e necessária, as suas ideias. A perceção que tenho é que havia um certo distanciamento entre as classes, principalmente entre estudantes e a equipa Reitoral.

 

Uni-CV: Portanto esta equipa tem demonstrado maior abertura para ouvir a comunidade?

JT: Sem dúvida. Esta equipa está mais disponível, e percebe-se que os processos são tratados com maior celeridade, o que é muito positivo para o avanço da academia. Porém, como é natural, nem sempre é possível dar vazão ao elevado número de solicitações, sendo que muitas de difícil solução. A liberdade excessiva traz também constrangimentos, exemplo deste fato são as mensagens que a nossa Magnífica Reitora recebe de estudantes que, quase sempre, passam por cima dos Conselhos Diretivos. Isso constitui um constrangimento, porque são questões que às vezes podem ser resolvidas a nível das Unidades Orgânicas. Naturalmente, em alguns casos considerados relevantes, o processo retorna para as Unidades Orgânicas, tornando os processos mais morosos. Outrossim, esta abordagem direta torna a equipa reitoral mas exposta e muitas vezes com sobrecarga de tarefas desnecessárias. Globalmente, a abertura para ouvir a comunidade é um sinal claro da intenção de unir todos na procura de soluções em prol da academia que, se bem articulada, traz ganhos imensuráveis.

 

Uni-CV: Qual tem sido a relação da faculdade com esta nova administração?

JT: A relação é das melhores. Trabalhamos num espírito de total abertura. Sempre que há alguma questão importante, é discutida com franqueza, abertamente entre a Comissão Executiva e a Reitoria. As soluções são encontradas de forma conjunta, e isto é muito importante. Assim a Equipa Reitoral fica a saber de fato quais são os problemas da Unidade Orgânica, e a Unidade Orgânica também conta com a Reitoria para poder encontrar soluções. Isto é fundamental numa organização. A Universidade como uma organização composta por vários setores, entendemos que cada um é um elo importante do sistema. Portanto, não poderia haver outra forma de pensar e de trabalhar que não fosse em estrita articulação.

 

Uni-CV: Então houve ganhos com a eleição do reitor?

JT: Isso foi fundamental. Em primeiro lugar, a eleição do reitor pela academia, reflete a vontade e o sentimento de confiança num determinado Professor. É um processo através do qual todos têm a oportunidade de efetuar a sua escolha. Portanto, significa que o Reitor eleito estará a representar a intenção de toda ou da maioria da academia, e isso é importante. A eleição do reitor entre os académicos é uma forma de fazer valer o conceito de democracia e, neste sistema, como se sabe, há maior liberdade de todos em expressar as suas ideias, de comunicar e fazer chegar as suas intenções a quem tem o poder de decisão. A academia sente-se representada quando o reitor é eleito e todos os intervenientes deste processo se sentirão como parte do sistema, o que é muito positivo para o cumprimento das missões da Universidade.

 

Uni-CV: Como foram estes quase três anos de administração para a FCT?

JT: Eu entendo que já se fez muito de grande importância, mas também ainda há muito por fazer. A Uni-CV é uma universidade nova, está inserida numa sociedade com poucos recursos e naturalmente tem os mesmos problemas das demais instituições públicas. Todavia, têm-se notado avanços em vários domínios. Avanços esses que se traduzem em crescimento da universidade em números e em qualidade. Para continuar a crescer é necessário não só o empenho do Comissão Executiva, mas também, o envolvimento de todos os elementos que fazem parte desta Faculdade. É claro que precisamos do suporte da Reitoria. Inicialmente, o nosso principal foco foi criar um clima mais académico internamente, porque notava-se que não havia o engajamento necessário e desejável dos docentes e até mesmo do pessoal administrativo à volta daquilo que são as metas da Faculdade. Acreditamos que a motivação permite ao homem desenvolver as suas capacidades humanas, principalmente aquelas que o conduzem na direção do progresso, sucesso e em última análise, na produção do bem em favor do coletivo. Estamos a tentar trazer essa cultura para dentro da Universidade. Pensamos que de certa forma conseguimos trazer um espírito de maior união e mais harmonia para dentro da nossa Faculdade. Entendemos que são aspetos fundamentais para o crescimento de qualquer instituição. O espírito de tranquilidade, de trabalho em harmonia e parceria e o espírito de lealdade institucional, são aspetos que estamos a tentar promover.

Uma das formas de se conseguir ganhos para a academia é o desenvolvimento de projetos. Neste domínio, apesar das dificuldades, muitos docentes, professores e investigadores têm conseguido desenvolver projetos de extrema importância para a Faculdade e para a Uni-CV. Aproveito, para agradecer a todos aqueles que têm procurado envolver-se neste processo e solicitar aos demais para também seguirem o mesmo exemplo. A FCT é a maior Unidade Orgânica e herda a responsabilidade da Uni-CV de desenvolver ações no domínio das Ciências Exatas e Engenharia. A tipo ilustrativo, a FCT através dos sues investigadores, vem desenvolvendo projetos tais como:

  • Estudo das interações hospedeiro-patogénico presentes na infeção pela bactéria Helicobacter pylori em Cabo Verde;
  • Hepatites virais na população negra: Origem, perfil epidemiológico e molecular, e predisposição ao carcinoma hepatocelular;
  • Caracterização das interações entre a saúde humana e os ecossistemas em Cabo Verde;
  • Monotorização da ocorrência de Enteroparasitoses e de anemia em crianças em idade escolar, e caracterização molecular dos isolados, em Salina-Pedra, ilha de Santiago, Cabo Verde;
  • Programa de Vigilância Vulcânica - contribuir para a redução do risco vulcânico em Cabo Verde;
  • Projeto de Apoio à Implantação de Linhas de Pesquisa e Formação de Recursos Humanos em nível de pós-graduação em Saúde Pública- Uni-CV, com a colaboração científica de Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Faculdade de Medicina de Botucatu/ UNESP.
  • MAKAVOL- Redução do risco vulcânico na Macaronésia, Criação e institucionalização do Observatório Vulcanológico de Cabo Verde.
  • Investigação em Saúde: O problema da nutrição em Canárias, Cabo Verde e Açores;
  • Projeto de cooperação internacional Brasil-Cabo Verde para formação de profissionais em Ciências, Matemáticas e Tecnologias com a colaboração científica de Universidade Federal do Rio Grande;
  • Doenças Hereditárias-Hemoglobinopatias. Estudo Molecular de Anemia Falciforme na População cabo-verdiana: o caso Ilha do Maio.

Para os próximos 3 anos a FCT estará a participar nos projetos conforme a relação que se segue:

DESAL+  - Plataforma macaronésica para el incremento de la excelencia en materia de I+D en desalación de agua y en el conocimiento del nexo agua desalada-energía

REBECA - Red de excelencia en biotecnología azul (algas) de la región de la macaronésia.

BIOTRANSFER 2 - Transferencia de la investigación biotecnológica orientada a la rentabilidad empresarial y movilización de flujos de negocio 2;

ADAPTaRES  - Adaptación al cambio climático en la macaronésia a través del uso eficiente del agua y su reutilización

VOLRISKMAC - Fortalecimiento de las capacidades de I+D+i para la monitorización de la actividad volcánica en la Macaronésia

SOSTURMAC - Revalorización sostenible del patrimonio natural y arquitectónico y desarrollo de iniciativas turísticas bajas en carbono en Canarias y Cabo Verde.

A FCT tem conseguido equipar alguns laboratórios no âmbito da execução desses e outros projetos, como por exemplo o Laboratório de Biologia Molecular, de Energias Renováveis, de Vulcanologia e o Centro de Ensino à Distância. Por outro lado, alguns investigadores têm beneficiado com bolsas para formação a nível de estágios e a nível de doutoramento em instituições internacionais, como é o caso da Universidade da Madeira e o CIBIO no Porto.

É importante que núcleos de investigação existentes sejam dirigidos por pessoas com a vocação e a vontade de os dinamizar. Entendemos que a criação das áreas disciplinares e o consequente agrupamento de docentes por áreas disciplinares poderá contribuir para a coesão entre especialistas e paralelamente a isto, permite a partilha de conhecimento entre os diferentes grupos. Aspetos que de certa forma, concorrem para o desenvolvimento de projetos importantes. Portanto, tendo uma organização, tendo uma estrutura muito bem montada, certamente estaríamos mais perto de conseguirmos realizar grandes obras aqui na nossa Unidade Orgânica. Temos potencial. Temos estudantes inteligentes com ideias e que com orientação poderão desenvolver grandes projetos. Contamos com os nossos parceiros, públicos, privados, governamentais e não-governamentais na busca de recursos para materializarmos os nossos projetos. Existem protocolos celebrados com várias instituições. Portanto, os meios já estão criados, agora é operacionalizar. Para isso, contamos com toda academia.